sábado, 14 de abril de 2012

“Leito da morte”

Sindicância investiga “leito da morte” em UTI de Brasília

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal informou ontem que vai abrir uma sindicância para investigar a morte de 13 pacientes que ocuparam um mesmo leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Santa Maria. As mortes ocorreram desde janeiro, segundo documentos e funcionários do hospital.
A razão teria sido a troca no tubo de oxigênio pelo de ar comprimido. Segundo relatório do próprio hospital, um dos documentos afirma que “a tubulação do leito 19 foi invertida”. A UTI onde as mortes ocorreram foi construída durante uma ampliação feita no hospital, em julho de 2011.
Os nomes dos 13 pacientes que morreram, segundo enfermeiros, está em um outro documento, no qual um diretor da unidade pedia o levantamento da causa das mortes
Em janeiro, a equipe técnica da UTI enviou uma carta à direção do hospital informando sobre a troca dos tubos. Naquele momento, a equipe identificou cinco mortes.
“Diante desta situação relatada fomos investigar as mortes ocorridas e temos a certeza de que as cinco mortes no leito 19 se deram por tal situação”, dizia o documento. Desde essa data, mais oito pacientes teriam morrido pela mesma causa.
Segundo o documento, a Secretaria da Saúde não executou “quaisquer serviços de ampliação e/ou manutenção nessas instalações” e a obra ficou a cargo de uma empresa privada.
Diretor do hospital, Ivan Rodrigues chegou a levar a informação à secretaria, mas segundo ele nada foi feito. “A causa das mortes foi a troca das tubulações”, afirmou. Rodrigues é alvo de processo administrativo e, diz a pasta, foi exonerado do cargo ontem.
A pasta afirmou que vários pacientes internados no leito não tiveram problemas. A pasta disse ter conhecimento de cinco mortes, nenhuma delas devido aos tubos.

Anencefalia


SUS terá novos hospitais para aborto
O Brasil tem 65 estabelecimentos qualificados para fazer interrupções legais de gravidez, nenhum deles no Paraná. Até dezembro serão mais 30.
O Ministro da Saúde, Ale­xandre Padilha, informou ontem que o Sistema Único de Saúde (SUS) vai ampliar a quantidade de hospitais capacitados para fazer abortos legais, incluindo os casos de fetos com anencefalia (malformação do cérebro). “Hoje temos 65 hospitais credenciados pelo Ministério da Saúde para fazer o aborto legal, ou seja, que a Justiça autoriza. E temos mais 30 hospitais sendo qualificados para isso. Nossa meta é que, até o fim do ano, tenhamos 95 hospitais preparados em todo o país para esse serviço.”
Na quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 8 votos a 2, que as mulheres têm o direito de interromper a gravidez quando o feto apresentar anencefalia. Padilha lembrou que a Rede Cegonha, programa do governo federal de atenção a gestantes e bebês, vai contribuir para identificar esses casos durante o pré-natal e diminuir riscos para as mães. Para a maioria do plenário do STF, obrigar a gestante a manter a gravidez diante do diagnóstico implica em risco à saúde física e psicológica da mulher.
Os hospitais que já realizavam interrupções de gravidez em casos de estupro e risco à vida da mãe passarão também a receber grávidas de fetos sem cérebro que optaram pelo aborto com assistência médica.
Paraná
Em evento sobre o combate ao crack, na zona sul do Rio de Janeiro, Padilha disse que Paraná e Roraima são os únicos estados que não apresentam hospitais credenciados para o aborto legal e afirmou que eles serão contemplados até o fim do ano. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, ainda não há uma estimativa de quantas unidades serão capacitadas em cada estado.
A falta de estabelecimentos qualificados não impede, porém, que o procedimento seja feito no Paraná. O Ministério da Saúde afirmou que o aborto corresponde a um procedimento cirúrgico simples e que qualquer hospital do SUS está apto a realizá-lo. “O gestor local, que é a Secretaria Estadual de Saúde, é que terá de dar suporte, já que o aborto de fetos anencéfalos está previsto em lei”, explicou a assessoria. A diferença é que o procedimento não será realizado em um hospital qualificado, no qual deve existir pelo menos um assistente social e um psicólogo.
Segundo a Secretaria de Saúde do Paraná, enquanto não existir uma unidade qualificada a paciente será encaminhada para um dos hospitais do estado.

Diagnóstico
Conselho Federal de Medicina vai definir critérios de anencefalia
Uma comissão especial foi criada ontem pelo Conselho Federal de Medicina para estabelecer em 60 dias os critérios para o diagnóstico de anencefalia. A decisão foi tomada pelo plenário da entidade após a decisão do STF que liberou a interrupção de gestações de fetos anencéfalos.
Farão parte da comissão representantes do próprio conselho, das sociedades médicas de pediatria, neurologia, ginecologia e obstetrícia, do Ministério da Saúde, e especialistas em ultrassonografia fetal. Também poderão dar suas contribuições especialistas de algumas das principais universidades e escolas médicas do país.
Com o estabelecimento desses critérios, os médicos terão mais segurança para o diagnóstico desses casos, segundo o conselho, facilitando a interrupção mais precoce de gestações quando as mulheres decidirem por isso. “Os médicos – por meio de seus representantes – têm o dever de dar à sociedade a mais completa segurança para que as decisões sejam tomadas com base em critérios éticos, técnicos e científicos”, ressaltou o presidente do conselho, Roberto Luiz d’Avila.
Também ontem o conselho divulgou nota manifestando apoio à decisão do STF. No documento, a entidade ressalta que, em situações em que se comprova o diagnóstico de anencefalia, a chamada antecipação terapêutica do parto não deve entendida como uma obrigação da mulher, mas como um direito.
Folhapress

“É como descartar um ser humano, diz CNBB”
A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota ontem em que “lamenta profundamente” a decisão do STF liberando o aborto de fetos anencéfalos. “Legalizar o aborto de fetos com anencefalia, erroneamente diagnosticados como mortos cerebrais, é descartar um ser humano frágil e indefeso. A ética que proíbe a eliminação de um ser humano inocente não aceita exceções”, diz a nota.
Para a entidade, o Supremo legislou no lugar do Congresso Nacional. Na nota, a CNBB ainda se defendeu de críticas ao dizer que defende seu ponto de vista também com argumentos jurídicos e científicos. “Exclui-se, portanto, qualquer argumentação que afirme tratar-se de ingerência da religião no Estado laico.”
Folhapress

fonte: G.P

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Hospital Militar

Pesquisa aponta piora na situação do Hospital Militar

Desde que a unidade passou a atender todos os funcionários públicos do Paraná, além de policiais e bombeiros, o serviço teria decaído
 Os policiais militares do Pa­­ra­­ná, atendidos no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Curitiba, reclamam da pre­­ca­­riedade do centro médico. A unidade, que passou a fazer consultas em outubro do ano passado também para os demais funcionários pú­­blicos, estaria sem condições de atender tantas pessoas. Uma pesquisa feita pela Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares (Amai), entre os dias 19 e 26 de março deste ano com mil policiais e bombeiros, mostra que 87% dos ouvidos consideram que o atendimento piorou desde o mês de outubro. Funcionários públicos civis, que são os novos pacientes, também estão descontentes.
Em outubro, cerca de 120 mil servidores públicos do Paraná, que dependem de convênios do Sistema de As­­sistência à Saúde (SAS), passaram a ser atendidos no HPM junto com outros 40 mil policiais e bombeiros da região. O hospital, que passava por crise na administração e com a falta de médicos, começou a ter investimentos do Estado para receber os novos usuários. Os problemas, entretanto, só aumentaram, segundo os entrevistados.
A pesquisa mostra que 47% dos militares consideram péssima a evolução dos serviços prestados no centro médico desde o início do convênio. Apenas 1% acreditam que a condição é ótima. Quanto ao agendamento da consulta, por um canal 0800, a principal insatisfação ocorre por causa da demora para ser atendido: uma parte (31%) disse ter dificuldade para agendar a consulta e outros 33% não conseguiram finalizar a ligação. Além disso, 94% dos militares são contra a continuidade do convênio.
Descontentamento
O subtenente da Polícia Militar Edson Bindi já tentou consultas para ele e para o filho que faz tratamento especializado. A demora, porém, o fez buscar clínicas particulares. “No hospital eles não marcam consultas, dizem que isso é apenas pelo telefone. Mas o número não funciona, sempre está indisponível.” O militar também reclama da quantidade limitada de consultas para cada médico, o que piora a situação.
Do lado dos servidores civis as reclamações são as mesmas. Vanessa Cardeal Oganauskas Roseno, que usa o HPM por ser dependente do marido que é funcionário público, reclama da demora na marcação e realização de exames. Diz ainda que faltam equipamentos no pronto-socorro. “Nem tem como avaliar o trabalho deles, porque eles também são vítimas disso tudo”, aponta.
O coronel Eliseu Ferraz Furkin, presidente da Amai, afirmou que a crise do hospital é antiga. O corte do repasse de verba ao antigo Instituto de Previdência do Estado, na época do governo de Jaime Lerner (1995-2002), prejudicou também o atendimento no HPM. O problema se arrastou durante a gestão dos outros governadores. “Antes tínhamos uma situação precária para os militares. Agora temos as mesmas dificuldades para 120 mil funcionários públicos.”
Furkin disse que a pesquisa deve servir como parâmetro para que o convênio seja repensado ou denunciado. O convênio termina no final desse mês.
A pesquisa mostra que 47% dos militares consideram péssima a evolução dos serviços prestados no centro médico desde o início do convênio. Apenas 1% acreditam que a condição é ótima. Quanto ao agendamento da consulta, por um canal 0800, a principal insatisfação ocorre por causa da demora para ser atendido: uma parte (31%) disse ter dificuldade para agendar a consulta e outros 33% não conseguiram finalizar a ligação. Além disso, 94% dos militares são contra a continuidade do convênio.
O outro lado
Superintendente diz que unidade antes só usava 15% da capacidade
As críticas apontadas pela pesquisa da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares (Amai) não condizem com a realidade do atendimento do Hospital da Polícia Militar (HPM), segundo o superintendente do Sistema de Assistência à Saúde (SAS), José Fernando Macedo. Ele destaca que o governo investiu, desde outubro de 2011, cerca de R$ 10 milhões para a melhoria do atendimento na unidade, que antes do convênio funcionava com apenas 15% da capacidade. “Os próprios militares reclamavam do atendimento e procuravam consultas em outros hospitais”, argumenta.
Macedo também rebateu críticas dos funcionários públicos civis, da mesma maneira insatisfeitos com a situação. Segundo ele, os investimentos em melhoria da estrutura do centro médico e na qualificação dos funcionários têm sido elogiados pelos usuários do HPM. “O retorno que temos em ligações e e-mails é de satisfação com o atendimento.”
Macedo ainda afirma que o governo do Paraná pretende fazer mudanças no sistema de saúde para dar melhor atendimento aos servidores. Uma delas é a criação de uma contribuição estadual para a saúde por parte dos funcionários. Segundo Macedo, no Paraná não há um fundo com cobrança de taxa dos servidores para garantir melhorias na área. “O imposto que todos pagamos vai para o SUS, não para o estado do Paraná. A saúde é uma área cara e o servidor precisa dar uma contrapartida. Já conversamos com todos os sindicatos e eles estão de acordo com essa posição”, diz. (RB)
Fonte:G.P

Hospital de Clínicas

Vagas ociosas em hospitais universitários chegam a 13%
Falta de verbas e de funcionários seriam as causas de leitos vazios no atendimento de alta complexidade
Os 46 hospitais universitários federais do país ainda são subaproveitados, com 13% dos leitos vazios. A conclusão resulta do levantamento da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que mostra que na última década 1,5 mil dos 11.488 leitos foram fechados por falta de verbas e de funcionários. Para a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), os leitos vazios somam 1.188. Segundo a associação, a maior parte dessas vagas ociosas está no atendimento de alta complexidade.
Há mais de uma década os hospitais universitários federais pedem mais recursos ao governo federal. Dois projetos pretendiam resolver o problema: um, com um aporte maior de verbas – o Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf) – e outro com o estabelecimento de uma administração estatal única da rede, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Apesar das iniciativas, os hospitais ainda sofrem com a falta de funcionários e de recursos financeiros.
Aporte
No ano passado, o governo federal destinou, por meio do Rehuf, R$ 5,5 bilhões para todos os 46 hospitais vinculados a 32 universidades federais. Porém, na maioria das instituições o valor foi usado apenas para sanar dívidas antigas. Além disso, quase um terço dos 70.373 funcionários que atuam nas instituições é terceirizado, o que equivale a quase 28 mil trabalhadores. Contudo, o Tribunal de Contas da União (TCU) alerta o MEC desde 2009 que esse tipo de contratação é ilegal.
Por isso, o governo federal fundou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. “A empresa deverá ser contratada pelos hospitais para administrar as redes e para contratar pessoal por meio de concurso público”, informa o presidente da Comissão de Hospitais Universitários da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Natalino Salgado Filho. No entanto, a empresa teve seu estatuto aprovado no fim do ano passado e ainda não saiu do papel.
De acordo com Salgado Filho, o grande gargalo é a falta de profissionais. Segundo ele, seria necessário um total de aproximadamente 100 mil funcionários – quase 30 mil a mais que o quadro atual – para reestruturar os leitos fechados. “Há anos os hospitais sofrem um processo de sucateamento. O Rehuf está aos poucos dando mais condições financeiras às instituições, mas ainda estamos sem funcionários”, diz. Segundo ele, as consequências atingem toda a população, já que os hospitais universitários atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 70% deles são de alta complexidade. “Sem funcionários não tem como atender os pacientes. Carecemos de políticas que coloquem esses 1,5 mil leitos novamente em operação”, enfatiza.
Hospital de Clínicas
A diretora do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Heda Amarante, que integra o comitê gestor do MEC sobre hospitais universitários, estima que faltam 600 funcionários para viabilizar a reabertura dos 150 leitos fechados na entidade. Segundo ela, há hoje mil servidores terceirizados e 2 mil concursados. “Se esses leitos fossem reabertos, estaríamos com todos os 550 em operação, o que poderia resultar no atendimento de mais mil pacientes por mês”, revela.
Administração centralizada deve ser solução
Na prática, a Empresa Bra­­­sileira de Serviços Hos­­pitalares (EBSERH) não começou a funcionar, mas já é tratada como uma possível solução para os problemas de falta de funcionários nos hospitais públicos federais. “Todas as instituições estão com grave carência de recursos humanos. Essa empresa do estado teria legitimidade para poder contratar mais funcionários via concurso público”, afirma o presidente da Comissão de Hospitais Universitários da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Natalino Sal­­gado Filho, que é reitor da Uni­­versidade Federal do Maranhão.
Ele explica que não se trata de uma terceirização. “É o poder público quem vai coordenar e o atendimento será 100% SUS”, completa. A expectativa é de que com a EBSERH gerindo as instituições o quadro funcional gradativamente seja reposto.
“A gente imagina que essa empresa poderá ser nossa esperança para não termos mais esse tipo de problema”, espera o diretor médico do hospital universitário vinculado à da Universidade Federal de Santa Catarina, Sérgio Duwe. De acordo com o MEC, cada instituição pode optar pela adesão ou não à empresa.
Sem saída
No entanto, como o Tri­­bunal de Contas da União considera ilegal a terceirização de serviços nessas instituições, Salgado Filho acredita que não há outra saída aos hospitais além de aceitar a administração pela empresa do governo federal. “Ou o hospital adere à ESBERH ou vai acabar fechando as portas por falta de mão de obra”, salienta.
Todavia, como a empresa ainda não está efetivamente funcionando, os diretores dos hospitais ainda aguardam que o governo federal possa realizar concurso público para suprir o déficit de servidores. “A gente sabe que o MEC não quer abrir concurso, mas enquanto não existir a empresa nós vamos lutar pelo concurso”, ressalta a diretora do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Heda Amarante.

Financiamento
Valores repassados por programa ainda são insuficientes
Desde a criação do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), em 2010, o repasse às instituições apresenta evolução. De 2009 até o ano passado o valor cresceu pouco mais de 40% – passando de R$ 3,8 bilhões para R$ 5,4 bilhões. No entanto, o presidente da Comissão de Hospitais Universitários da Andifes, Natalino Salgado Filho, acredita que o ideal seria um repasse de aproximadamente R$ 10 bilhões por ano.
“Esse valor seria suficiente para que novos funcionários fossem contratados, que os salários desse pessoal fossem pagos e principalmente para custear a reabertura dos leitos fechados”, ressalta.
No Hospital de Clínicas da UFPR, por exemplo, a primeira parcela do Rehuf em 2010 foi utilizada para colocar as dívidas da instituição em dia. “Primeiro a gente fez essa correção das dificuldades financeiras para depois poder realizar outros investimentos”, diz a diretora da instituição, Heda Amarante. De acordo com ela, os recursos financeiros ainda estão aquém do necessário, já que os hospitais precisam incorporar novas tecnologias.
Salgado Filho também defende mais recursos para que os hospitais continuem se modernizando. “Muitos dos hospitais universitários federais são de alta complexidade e exigem materiais de qualidade para atender aos pacientes”.

Fonte: G.P