Enfermeira que esteve na Segunda Guerra morre aos 95 anos em Curitiba
Nascida em Irati, a professora Virgínia Leite era a única enfermeira ainda viva entre as 73 que foram para a Itália cuidar dos soldados feridos em batalhas
Morreu na manhã de 05 Janeiro de 2012, em Curitiba, a última das 73 enfermeiras que se alistaram na Força Expedicionária Brasileira (FEB) e foram para a Segunda Guerra Mundial.
Aos 95 anos, a professora paranaense Virgínia Leite estava internada no Hospital Militar desde o dia 26 de dezembro.
Nascida em Irati, no Centro-Sul do Paraná, no ano de 1916, a professora passou oito meses na Itália, entre 1944 e 1945, para ajudar a cuidar dos brasileiros feridos em combate. A decisão de ir para a Guerra foi tomada aos 29 anos, quando Virgínia se comoveu com a ida dos militares brasileiros para a frente de batalha. Após realizar um curso de enfermagem na Cruz Vermelha, ela embarcou rumo a Nápoles com outras sete paranaenses (Maria Suarez, Acácia Cruz, Wanda Majewski, Edith Fanha, Jaci Cheves, Hilda Ribeiro e Guilhermina Gomes), todas de Curitiba, e mais 65 brasileiras de outros estados.
Em entrevista à Gazeta do Povo em 2008, a professora se emocionou ao lembrar o período em que passou na Itália.
Apesar de nunca estar nas frentes de combate, Virgínia contou que o medo era constante. “Não via, mas escutava os aviões alemães passando por cima do hospital. Dava dor no estômago”, afirmou na entrevista.
Ela também destacou que cuidou de soldados de diversas nacionalidades durante a guerra. “Quem chegava ferido era tratado do mesmo jeito. No hospital, não há inimigo. Cuidamos de muitos alemães”.
A volta ao Brasil só ocorreu com o fim da guerra. No retorno, Virgínia sofreu com uma inevitável depressão e veio para Curitiba buscar tratamento. A situação piorou depois que a professora sofreu um acidente no qual caiu no fosso de um elevador. Com três vértebras quebradas e após nove meses de internação, a enfermeira se aposentou aos 30 anos.
A professora ainda foi reformada pelo Exército e ganhou o cargo de 1ª tenente, além de diversas medalhas. Entre elas a com o símbolo da Força Expedicionária Brasileira (FEB) – entregue a todos que estiveram em batalha – e a de Ana Néri, a primeira enfermeira brasileira, que esteve na Guerra do Paraguai.
Em nota de falecimento, a FEB ressalta que Virgínia foi uma das fundadoras da Legião Paranaense do Expedicionário e depois do próprio Museu, em Curitiba, no ano de 1982. Ela também foi Diretora Social da Casa do Expedicionário por mais de 50 anos.
Virgínia não casou ou teve filhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário